Água

Caem como estrelas no horizonte da noite
Entregam-se como loucos apaixonados
Golpeiam, tomando para si tudo o que desejam
E mesmo quando não desejam
Corróem, diluem, esbravejam
Rastejam como bichos famintos
Violentam como doentes terminais
Carregam, levando tudo o que se move
E mesmo o que não se move
Desvelam, desnivelam, retomam
E minha dor vem como um refluxo
Remexe
Flutua como bolha de sabão
No infinito espaço da solidão humana
Pois a cada dia matamos algo que não nos pertence
Porque ainda nada nos pertence
Matamos algo a cada dia

Autor: Vanessa Rocha

Escritora ensaísta, de ficção e de poesia. Palestrante, pesquisadora e professora. Doutoranda em Ciência da Religião, especialista em Psicologia Analítica, Mestra em Comunicação e Cultura, Produtora Cultural e Artística. Quatro livros publicados e contando...

Uma consideração sobre “Água”

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