Mauá

tenho em mim uma cicatriz da Maromba
com que me presenteou o Escorrega
acima da flor de lótus residirá eterna como a tatuagem
a alegria de repente ganha forma no meu corpo
porque aquele lugar também é meu corpo
e meu corpo é a pedra e o rio Preto
meu sangue correu por ele, já deve ter chegado ao mar faz tempo
meu sangue e o mar são agora um
assim também meu corpo, toda Mauá, o rio, as pedras,
a mata, os entes, as estrelas
somos todos um único corpo
modos da substância tão bela quanto mais indiferente consigo concebê-la
e a flor residirá a expelir a cicatriz para sempre
enquanto meu corpo resistir a entrega final
e meu sangue estará lá, no rio, no mar,
na chuva que cairá após os dias quentes de sol
para voltar à terra e fazê-la mãe de uma árvore frutífera

Autor: Vanessa Rocha

Escritora ensaísta, de ficção e de poesia. Palestrante, pesquisadora e professora. Doutoranda em Ciência da Religião, especialista em Psicologia Analítica, Mestra em Comunicação e Cultura, Produtora Cultural e Artística. Quatro livros publicados e contando...

5 comentários em “Mauá”

  1. fico aqui acompanhando seus momentos, lendo seus poemas, e fico imaginando como seria legal um filme com seus textos como diálogos! já pensou?…pedro

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