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dia perfeito

um dia perfeito…
em que cores efusivas se espalham com o sol,
de vento revolvendo alegrias e amores
um dia de luz…
de vida pulsante no horizonte
de saudades de sorrisos e olhares distantes
um dia perfeito…
com quem viver um dia de luz?
com quem viver por todos os dias?

quando o mundo nasceu

todos esses magníficos sons ao luar…
sem muita explicação eu amava
e como amava o ser celestial
que, de tanto rir, me encantava
eu vivia para este encantamento
naquele tempo em que as flores
ainda viviam pela terra
naquele tempo em que o mundo,
de uma explosão,
fez-se esplendorosa profusão de cores e olfatos
quanto então toda a vida gritou
e transformou o conceito de silêncio

Vasto Mundo







Tudo em mim é um outro
Toda a existência me tatua
Mas uma luz se esvai no vazio que me devora
Como fogo primeiro
Todo outro é um ninguém
Um disforme que se perde na neblina
Folhas sem verde
Telas não pintadas
Ondas sem oceano
Carregando barcos sem leme
Um sopro sem oxigênio
Um vento
Eu sinto o vento
Silencioso no primeiro momento
Um vento sinuoso, colorido
Que carrega o passado
Mas um vento
Ventos passam e transformam
Ventos renovam
E eu desejo o mundo inteiro
Que será que este mundo reserva a mim?
Qual leveza…
Qual intensidade…
Em que ombro amigo vou poder chorar?
Que novas músicas ouvir?
Uma nova velha voz rouca
Uma nova velha suavidade
Um novo velho distante horizonte
Um negro, um homem disposto a voar…
Quantas paixões?
Tudo em mim é um outro
Praia, lagoa, universo
Tudo em mim é verso
Todo outro é um ninguémSempre pronto a se tornar alguém

A fome

Tenho fome.De tudo aquilo que me tira o ar.Desejo comer os meus problemas para digeri-los….Desejo comer a própria fome,e também a raiva, a angústia.Devorar a dor.Essa dor de perda.Uma dor de nada.Desejo mastigá-los, um a um,o desespero,os detestáveis e desprezíveis homens que insistem em permanecer,as famigeradas verdades que proclamamos em palanquessob bandeiras moralistas.

Eu odeio a fome.
Porém, ela é a única certeza,
uma certeza animal, selvagem,
de que sempre falta alguma coisa,
de que sempre, assim,
seremos eternos escravos do outro.

eu, poeta-palhaça

Eu, poeta palhaça
Conjunções metafóricas em planos diversos de cores
na lingüística dos contatos e sensações.
Camuflando o que não é camuflável.
Desachando o achável.
Embolando o imbolável.
Desconstruindo o mundo que explode no meu corpo.
Gargalhando a lágrima
e lacrimejando exageradamente, em dores,
a grande alegria da alma-palhaça,
palhaça-poeta,
poeta do universo que grita e chora e sofre e ri… muito.

Concreto

Concreto armado no viaduto urbano
que liga meu coração ao pé.
Mora uma cidade em mim!
Mesmo a rima pode não ser poesia.
Mesmo o amor, a dor, o infinito.
Só é poesia quando os sentidos
quebram um vidro na garganta.

Um futuro

Depois, quando tudo estiver consumado, vamos rir.

Vamos rir como riem os mortais
na instantânea alegria do gozo.

Depois do choro, vamos rir.

Gargalhar a felicidade
momentaneamente eterna

da paixão delirante.

E vamos dobrar as esquinas
sem receio do terror da solidão
e invadir terrenos docemente próprios
ao cultivo do prazer de se estar vivo.

E forjar jardins de libélulas gigantes
que da sombra se iluminam à lua cheia.

Então diremos:
Um brinde quente à vida!
Um brinde alucinado à paixão!