No insondável, habitamos
Sólidos, planetários
Trajamos corpos limítrofes
Com almas imortais
Já nos havíamos encontrado
Quando, onde, que importa
Quanto tempo tem uma vida?
Quantas vidas cabem na aorta?
Estamos no agora
E carregamos naves insanas
No meio do peito
Que polidas no viver
Invadem a massa cinzenta
De nossa arrogância
E observam, elas, a maravilhosa
Perfeição da impertinência
De sermos, tão somente, humanos
Carnes que se querem e apodrecem
Mas almas que vieram espelhar-se
Para fazer da vida uma obra de arte
Infinitos, até quando
Residimos nos abismos
Líquidos, como a água do rio
Que se funde no oceano divino
No silêncio, habitamos
Etéreos, terráqueos
E a cada morte
Renascemos extáticos
Um só campo, trágicos
Estrelas de uma constelação
Imperfeita, somos mágicos
No cosmos, amamos
E amar é desaprender
Humanos
